O corpo da mulher como uma estratégia de ampliação do desemprego para elevar as taxas de lucro dos sistemas capitalistas.

joaobatista.eco
By joaobatista.eco setembro 17, 2023 17:47

Este texto é uma resposta à provocação feita pelo milionário Tim Gurner do setor imobiliário que disse num evento que o desemprego teria que aumentar em 30%, 40% para diminuir a arrogância dos trabalhadores, se desculpando posteriormente. Particularmente, achei que ele estava falando sobre o corpo feminino, o corpo da mulher. Parece existir aí um desejo de estímulo a maternidade a fim de que se eleve a oferta de mão-de-obra (pra ontem) e assim, a ampliação no exército industrial de reserva pressione os salários para baixo. Ao explicar como o sistema reprodutor feminino, o corpo da mulher pode ser usado para elevar as taxas de lucro do capitalista, esta relação entre entre sistema reprodutor feminino, reprodução de mão de obra, salários e lucros capitalistas e/ou apresentar como um estimulo ou desestimulo a maternidade, a gestação pode influenciar a margem de lucro do capitalista dou início a publicação do meu programa de pesquisas titulado economia diância (EcoDiânica) e/ou Economia da saúde da mulher. Trata-se do estudo dos sistemas capitalistas em conjunto com o corpo de Gaia e o corpo da mulher. Como busco este entendimento, usando a teoria do caos, acredito que um útero no formato de borboleta expresse bem a ideia.

Durante um tempo em minha vida, acho que por durante 14 anos escrevi sobre as interações entre capitalismo e corpo de Gaia e agora, reviso este pensamento e incluo o corpo da mulher no estudo das questões econômicas e ambientais. Isso porque é meu desejo intensivo e também porque sabemos que todo estudo que envolve ecologia, economia que não inclua a questão da mulher já começou cometendo um enorme erro e não pode apresentar uma resposta consistente.

Tenho pensado e estudado sobre isso e me oriento muito pelo que tem escrito a historiadora Silvia Federici. E em relação aos corpos femininos, principalmente relacionado ao corpo da mulher o que tenho descoberto é que existe uma ligação orgânica, um acoplamento estrutural entre sistema capitalista e sistema reprodutor feminino. Para o bem ou para o mal, no sistema reprodutor feminino está a vitalidade e a possibilidade de colapso dos sistemas capitalistas. Isso porque para manter a taxa de lucro do capitalista, os salários não podem ser muito altos, devem no máximo serem suficientes para pagar a reprodução de vida do trabalhador. O salário deve no máximo tornar possível ao trabalhador retornar no outro dia para trabalhar e assim é feito. Isso, para que uma fatia maior desse salário não pago seja expropriada pelo capitalista e seja mantido um padrão persistente de super exploração do trabalho. E para manter esta taxa de salário estável é necessário que exista um exército industrial de reserva, ou seja, pessoas desempregadas procurando emprego. Pela lei da oferta e procura quanto maior o número de pessoas procurando emprego, menores os salários. Se você reduz o número de pessoas procurando emprego, os salários elevam porque a mão de obra se torna escassa e a taxa de lucro do capitalista cai. Portanto, é necessário que exista sempre um grande número de trabalhadores trabalhando e um grande número de trabalhadores ociosos para pressionar para baixo o salário daqueles que estão trabalhando. E por fim, para manter esse exército industrial de reserva é necessário que uma grande quantidade de mulheres estejam parindo o tempo todo, estejam dando a luz a novos seres, cuidando dos mesmos ali em seus estágios iniciais, amamentando, depois ensinando a falar, a educar, auxiliando em sua formação, tornando-os em sujeitos efetivos, educados, prontos para o trabalho. Enfim, a renovação da força de trabalho e a manutenção do exército de reserva passa primeiro pelo sistema reprodutor feminino, pelo corpo da mulher. E é um trabalho que é também é expropriado pelo capitalista, pois não é pago. Um sistema reprodutor feminino saudável, operante e que esteja a serviço do sistema é importante para manter a lucratividade do capitalista. Por esta perspectiva, uma mulher cria um filho de duas uma : ou para trabalhar, ser explorado ou b) para ficar desempregado e pressionar o salário dos que estão desempregados para baixo. E todos os discursos em torno da maternidade, em torno dos relacionamentos, o amor romântico, a constituição da família tradicional é constituída para que isso flua a contento. De tal forma que se este sistema reprodutor entra em pane, começa a aparecer no mesmo pústulas, cistos, cânceres e comece uma espécie de descrença na maternidade ou este por algum motivo se negue a renovar a força de trabalho, o sistema tende a se desintegrar. Bem! A taxa de natalidade tem caído ao longo dos anos. No entanto, é até compreensível porque atualmente não se necessita mais de tantos braços quanto no passado para realizar o trabalho, a revolução industrial e a revolução verde possibilitou esta redução. Mas, se a taxa de natalidade ou o exército industrial de reserva  (EIR) por um ou outro motivo cair além do esperado, pode-se observar alguns capitalistas meio preocupados como vimos recentemente este milionário dizendo que é necessário aumentar o desemprego para lembrar a quem o trabalhador serve e para elevar os lucros. Enfim, o que ele está dizendo é que é necessário no mínimo, no mínimo aumentar a taxa de natalidade e repor o EIR afetado pela pandemia.

A verdade é esta, o controle da força de trabalho feminino, mais que isso, o controle dos úteros – algo negligenciado por Marx na escrita do capital e por isso, o capital está incompleto – é imprescindível para manutenção do capitalismo, para que este continue remunerando as várias formas do capital. Sem os úteros e sem a Terra (que na verdade trata-se de um grande útero demente, gigante e magnético), o capitalismo se desintegra.

Ao estudo em conjunto dos sistemas econômicos e corpos femininos (corpo de Gaia, corpo da mulher e outros corpos femininos) chamo de EcoDiânica. Eco do Grego Oikos e diânica, no neopaganismo e na bruxaria, fazendo referência a exclusividade feminina, ao que é exclusivamente feminino, trata de fazer esta integração dos corpos femininos ao Oikos. Esse estudo não é apenas importante para corrigir esta falha marxista, mas para visualizar algumas bases para para uma economia da saúde da mulher e para se ter um entendimento mais sério a respeito da saúde da mulher. Muitos problemas que afetam o corpo da mulher não se deve a questão de dieta ou falta de responsabilidade das mesmas, mas está ligada a questões estruturais e conjunturais. E no mais, porque o sistema capitalista além de recorrer aos úteros na renovação da força de trabalho e ao trabalho da mulher na formação de nova força de trabalho emana sobre estes mesmos corpos toxidades que tendem a um ponto crítico e inesperado de enfermidades. Enfim, ele não apenas explora, mas contamina aquilo que lhe dá sustentação. E por fim,  acho que seja importante porque devido ao entendimento marginal, cria ravinas dentro da ciência econômica.

Chamo de Ecodiância e Economia da saúde da mulher porque são conceitos criador por mim. Como bem tratou sobre isso, Silvia Federici, Marx não considera a força de trabalho da mulher na acumulação primitiva do capital. Engels dá uma pequena esbarrada no fator de produção Terra na crítica ao programa de Gotta

joaobatista.eco
By joaobatista.eco setembro 17, 2023 17:47
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